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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Biografia de BAKUNIN, Mikhail Alexandrovich



BAKUNIN, Mikhail Alexandrovich

Mikhail Alexandrovich Bakunin nasceu na antiga Tver, atual Calinin, cidade situada às margens do rio Volga, na Rússia, em 30 de maio de 1814, e morreu em Berna, na Suíça, a 13 de junho de 1876. Pertencia a uma rica família proprietária de terras e integrante da aristocracia russa, razão pela qual foi educado na Escola Militar de São Petersburgo, atual Lenigrado, de onde saiu como oficial de artilharia. Serviu na Guarda Imperial a partir de 1832, mas diante da aversão que sentia em relação ao despotismo, abandonou a corporação.em 1838, durante a expedição militar à Polônia, então dominada pelo seu país,

Bakunin deixou a Rússia em 1840, para estudar filosofia na Alemanha. Lá, ele foi iniciado no radicalismo por um patrício, o escritor e agitador Alexander Ivanovitch Herzen, iniciando dessa forma sua conversão ao socialismo revolucionário. A partir daí associou-se a sociedades comunistas e socialistas na Suíça, e em 1847 dirigiu-se a Paris, participando ativamente, em 1848 e 1849, das rebeliões que ocorreram em Berlim, Praga e Dresden. Capturado após o fracasso desta última, foi condenado à morte, mas com a comutação da pena permaneceu preso em prisões da Saxônia e da Áustria, tendo sido entregue posteriormente à polícia do seu país. Depois de um longo período de internamento na fortaleza de Pedro-e-Paulo, período durante o qual o escorbuto lhe provocou a perda dos dentes, foi enviado para a Sibéria, de onde, em um navio americano, conseguiu fugir inicialmente para o Japão, passando depois pelos Estados Unidos e dali alcançando a Inglaterra em 1861, com a intenção de terminar seu trabalho revolucionário.

No princípio Bakunin considerava o homem como um indivíduo bom por natureza, porém corrompido pela existência de instituições estatais, porém abandonou seus pensamentos filosóficos e abraçou o radicalismo graças principalmente à influência que o sociólogo francês Proudhon (1809-1865), exerceu sobre ele durante o período em que completava seus estudos filosóficos. Nessa época Bakunin fundou uma organização política secreta, a Aliança da Social Democracia, que posteriormente (1868) uniu-se à Associação Internacional, mas apesar disso liderou a corrente que se opunha frontalmente às idéias de Marx, a quem considerava uma pessoa autoritária. Por esse motivo foi expulso da organização em 1872, e saiu acompanhado por muitos outros membros oriundos da Itália, Espanha, França, Bélgica e Suíça, que com ele fundaram uma organização independente.

Na década iniciada em 1870, Bakunin tomou parte nas revoltas de Lyon e Bolonha, acabando por morrer em Berna, onde foi sepultado. Fundador do movimento anarquista defensor da doutrina de que a sociedade deve constituir uma associação de indivíduos livres, inteiramente isenta da coação representada pelo governo através de instituições governamentais como a polícia, a justiça, ou as forças armadas, afirmava que o direito de o cidadão dispor de si próprio se situa acima de todos os outros direitos, e que a origem de todos os males reside na organização social, na administração pública, na política e nas instituições consolidadas pela tradição, comparando a supremacia da maioria de votos, no sistema político representativo, à tirania do absolutismo monárquico.

Apesar de confessar que só muito raramente conseguia concluir qualquer trabalho de tamanho maior do que um artigo, Bakunin deixou algumas obras que se tornaram muito conhecidas, como “A Comuna de Paris e a Noção de Estado”, editado em 1871; “Federalismo, Socialismo e Antiteologia”, editado em 1872; “Estado e Anarquia” (1873); e “Deus e o Estado”, em 1882, no qual aparece sua citação mais famosa:

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e por-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana”.

E adiante:

“Numa palavra, rejeitamos toda legislação, toda autoridade e toda influência privilegiada, titulada, oficial e legal - mesmo emanada do sufrágio universal -, convencidos de que ela só poderia existir em proveito de uma minoria dominante e exploradora, contra os interesses da imensa maioria subjugada. Eis o sentido no qual somos realmente anarquistas”.

Após sua morte, diversos acontecimentos políticos que ocorreram no Brasil e no mundo foram claramente inspirados pelo ideário anarquista, como a insurreição de 1918, no Rio de Janeiro, cuja organização coube a grupo sindical composto em sua totalidade por adeptos da mesma filosofia, além da guerra civil espanhola, em 1936, que seria a derradeira revolução provocada por seguidores da ideologia. Todavia, após 1960, a obra e a vida de Mikhail Bakunin serviriam de inspiração a diversos movimentos contestadores, como os grupos ambientalistas, que utilizam a tática de ação direta descrita em toda a obra bakuniana, e os movimentos cooperativistas de ocupação e reforma urbana.

Ressalte-se que o sentido de anarquia, antes de confusão, bagunça ou desordem, é o da ausência do governo ou de chefe, a negação do princípio de autoridade, a falta de controle estatal devido à desintegração das instituições político-administrativas.

FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
Enviado por FERNANDO KITZINGER DANNEMANN em 01/08/2007
Alterado em 05/11/2007
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