Páginas

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



Aprender em Grupo




             Teberosky (1987) afirma que a escola tem considerado fundamentalmente

a escrita como atividade individual, do sujeito para si mesmo, esquecendo-se de

que ela é o resultado de um esforço coletivo da humanidade, e que tem uma

função social. O modo com a criança aprende a escrever segue o caminho da

apropriação individual de um fenômeno social; porém considerar individual essa

apropriação não implica reduzir sua aprendizagem a uma atividade isolada. Ao

contrário, consideramos que a situação grupal de uma sala de aula é uma

situação privilegiada cujas vantagens devemos aproveitar.

Para tornar isso possível, é necessário garantir que no grupo os níveis de

conceituação de escrita sejam pelo menos próximos. Caso contrário se repetirá a

típica situação escolar na qual aqueles que sabem muito mais sempre dão as

respostas, forçando que os demais se mantenham passivos.



Nos intercâmbios entre crianças, se compartilham informações sobre os

aspectos físicos e sociais do objeto escrito. É interessante assinalar, contudo, que

elas também compartilham e utilizam as hipóteses construídas por elas mesmas,

ou seja, por seus próprios conceitos. A socialização de conhecimentos pode se

dar entre a criança e o adulto, mas o compartilhamento das hipóteses subjacentes

à construção desses conhecimentos só se dá entre quem se elabora

contemporaneamente. Essa é uma das grandes vantagens da interação entre

pares. Pois bem, a informação pode ser mais ou menos “assimilável” em função

das estruturas de assimilação dos sujeitos que compõem o grupo; a freqüência de

aparição de alguns tipos de informações depende, também, do nível conceitual

dos membros participantes.

O que solicita informação espera uma resposta, porém nem sempre esta

está “ao seu nível”. Ela deve ser interpretada. Os intercâmbios facilitam a

socialização de informação e a criação de conflitos entre a informação provida e

as formas de assimilá-la. Trata-se, então, de encarar as interações como contexto

possível de aquisição, mais do que de analisar “erros” ou “acertos”.

Os conhecimentos que as crianças adquirem em situação de interação não

são transmitidos de um ao outro, mas construídos “entre eles mesmos”. Não há

alguém que possua o saber para ensiná-lo, todos estão aprendendo. Ainda que

haja diferença de níveis nos conhecimentos, e apesar das desigualdades, todos

podem perguntar e todos podem informar. A situação social mais natural é a que

implica imitar, comentar, informar, criticar ou discutir o que se está fazendo. Ela

não só é natural nos momentos de jogo livre, mas também pode sê-lo em

situações de produção mais reflexiva.


AROEIRA, Maria L.C.; SOARES, M.I.B.; MENDES, Rosa E.A. Didática de Préescolar:

vida criança brincar e aprender. São Paulo: FTD, 1996.
Fonte: Unopar Virtual 

Nenhum comentário:

Postar um comentário