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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mitos da inclusão na educação especial


garatujas

Mitos da inclusão na educação especial

            Segunda as leis que regem a educação no Brasil, negar vaga para um aluno com deficiência na escola regular é CRIME. A lei pede ainda que os alunos especiais sejam matriculados preferencialmente nas escolas regulares, salvo os casos em que for comprovada a necessidade de sem trabalhados em classes especiais. Busca-se colocar a criança especial convivendo junto com a criança “normal” para obtermos mais desenvolvimento da criança especial enquanto podemos ainda educar a criança “normal” para aprender a conviver e aceitar o diferente. Esta relação, este contato ajuda muito no desenvolvimento de ambas as partes. Vemos na televisão e outros meios de comunicação campanhas lindas de inclusão, porém a realidade vista nas escolas não é tão bela e agradável. Muita criança tem ficado em sala de aula sem desenvolver aprendizagem, ficam apenas jogadas nos cantos das salas enquanto os outros alunos realizam as tarefas propostas pelos professores. Colocar a criança em sala não significa incluir, a inclusão está em colocar o aluno em classe fornecer a ele uma educação de qualidade e com respeito, contribuindo para sua formação como ser em sociedade e possibilitando que ele adquira novos conhecimentos.
Estou trabalhando como professor de apoio de uma criança especial. O que percebi é que até que eu fosse levado a ela, em todos seus anos de estudos anteriores, nunca fizeram nenhum trabalho buscando seu desenvolvimento. Assim hoje, já no quarto ano ela não sabe sequer escrever seu nome, e ao ver seu nome escrito não enxerga sentido algum em suas Letras, não colore e fala com dificuldade. Sua escrita é o que chamamos de garatujas, estes rabiscos são a primeira forma que as crianças têm para registrar seus pensamentos e idéias. Se nunca houve trabalhos para desenvolvê-la então ela nunca foi de fato incluída. É comum ouvirmos na escola que “o professor está preparado para excluir”, é de fato é , o governo propôs acabar com as escolas especiais e lançar as crianças nas salas regulares, no entanto antes de tomar esta decisão deveria ter se preocupado com a formação dos professores, para que, uma vez eles capacitados para este trabalho as crianças fossem inseridas em classe. Outra questão importante é a sobrecarga que o professor tem recebido. Como professor de apoio eu consigo adaptar da maneira cabível as atividades para a aluna, porém percebi que dificilmente a professora conseguirá, sem apoio, trabalhar a adaptação pra esta aluna enquanto cuida da sala toda. Sabemos que a realidade das escolas não é bonitinha como nos livros, temos alunos correndo pela sala, tacando bolinhas de papel, batendo nos colegas. Assim mesmo o professor tendo boa vontade o trabalho ficará prejudicado. Colocar o professor de apoio ajuda sim, e muito, talvez seja essa a medida mais adequada quando se lança crianças especiais às salas regulares.
Importante frisar que, nem sempre a criança tem um professor de apoio. Pelo que sei em nossa prefeitura mesmo há uma grande demanda de crianças que precisam desses professores de apoio, mas ainda não receberam. Lembrar também que muitos dos selecionados para este trabalho também não estão preparados e acabam deixando as crianças na mesma situação. No meu caso eu posso afirmar que o que aprendemos em teoria ajuda muito pouco, ou quase nada na pratica. Ao me deparar com este fato, me pus a buscar mais conhecimentos. Adquiri livros texturizados, lápis apropriados (lápis mais grossos ara facilitar o manuseio), massinha (para desenvolver a coordenação motora), busquei conselho com professores antigos, com a coordenadora da inclusão, busquei na internet, elaborei fichas, busquei orientação dos professores de APAEs. Com isso vou buscando me aprimorar e dar a minha aluna a possibilidade de ser de fato educada, mas te pergunto, quantos dos selecionados ou dos futuros professores, farão tudo isso para que haja realmente uma inclusão e quantos vão se preocupar apenas em receber o salário no final do mês???
Talvez o mais assombroso nestes termos de inclusão saber que os mais pertos de serem incluídos são os que têm maior poder aquisitivo. Não só na educação especial, mas em todo cenário educacional do país, vemos que há uma enorme diferença na qualidade de educação nas escolas municipais, estaduais e particulares. Acaba que o direito a uma educação de qualidade se torna um privilégio de quem pode pagar mais. Não vou negar que houve uma mudança muito positiva na qualidade da educação se compararmos com o passado onde a criança era vista como adulto em miniatura ou quando a educação não era gratuita e obrigatória.  Mas ainda há muito que ser feito para promover uma educação que forma um individuo critico e consciente dos seus direitos e deveres em sociedade e que saiba respeitar seu próximo.
Ao educador eu digo, seja sempre um pesquisador, nunca sinta dó das crianças, pense no que elas podem se tornar e não em suas limitações. Deixo uma frase da qual desconheço a autoria, mas não é de fato minha: há pessoas com limitações, por isso são iguais a você. Todos têm limitações. 

Um comentário:

  1. Acho que ouve um certo avanço na educação para as crianças especiais , claro que muito longe , muito mesmo do que deveria ser . Falta preparo os professores que quando mal sabem lidar com as outras crianças ditas"normais" , na maioria das vezes mais problemáticas . Sucesso com o trabalho com a criança que você ensina .Aos. poucos vai conseguir o avanço e a vitória . Seguindo seu blog que para todos é de extrema importância , já tive uma prima com Down e sei o que passam todos para dar uma boa educação .
    http://andyantunes.blogspot.com/

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