Saiu na capa da revista Época, de 8 de agosto de 2011/ n°
690, o frase “CRACK, INTERNAR À FORÇA RESOLVE?” . Eu li a reportagem, para principiar nossa
reflexão destaquei quatro opiniões presentes na revista:
“Não podemos dizer que o cara fica internado
três meses e vira um cidadão acima de qualquer suspeita. Muitos vão retornar ao
crack. Mas pelo menos têm uma chance”
(Dráuzio Varella _ Médico)
“Se o Kassab insistir numa
internação compulsória, corre o risco de parar num tribunal penal internacional
por crime contra a humanidade”
(Wálter Maierovitch_ Jurista)
“Vamos botar na balança: o
que é mais importante? O direito a saúde ou o direito de ir e vir? O bem maior
garantido pela Constituição é a vida do ser humano”
(Marcelo Barone_ Promotor)
“Dependência química é uma
doença complexa e requer tratamento complexo. Não vai ser com oração que você
vai tratar adolescente dependente de crack”
(Ronaldo Laranjeira_
Psiquiatra)
Pelo texto vemos um projeto do governo que visa realizar
internações compulsórias de dependentes do crack. Este projeto gera muita
polêmica, os dois lados “contra” e “a favor” expõe seus motivos, e enquanto não
se chega a uma conclusão mais e mais pessoas tem suas vidas destruídas pelo crack.
Quando buscamos a opinião dos envolvidos (vitimas do crack) temos dois lados
entre os que se recuperaram, de um lado os que afirmam que a internação forçada
salvou-lhes a vida e de outro os que após serem forçados varias vezes sem
sucesso, acabaram por buscar por conta própria a ajuda e hoje vivem sem longe
da dependência. Vemos ainda que muitos afirmem
que não estavam capacitados a buscar ajuda, devido à gravidade da dependência
(assim para estes a salvação foi a internação compulsória). Wálter Meierovitch
afirma que Kassab pode parar num tribunal penal internacional por crime contra
a humanidade, o que me fez lembrar um episodio ocorrido no ano passado, onde
uma família que seguia a religião testemunha de Jeová deixou a filha morrer por
não admitirem a transfusão de sangue. Numa reportagem para o jornal (O Tempo,
se ainda me lembro) falava de fazer obrigatório que se aceitasse a transfusão
de sangue mesmo contra a vontade das pessoas para que o direito a vida
prevalece-se. Então quem propôs esta obrigatoriedade, do prevalecer o direito
da vida e não o da religião, não estaria também “cometendo um crime contra a
humanidade”? Eu discordo veemente disto. É crime expor as pessoas a substancias
tóxicas, é crime matar assim como é crime atentar contra a própria vida, e
muitos dos dependentes ainda afirmam categoricamente não estarem em condições
de buscar a ajuda. Então a internação compulsória resgataria estes
incapacitados e atenderia ao direito de viver.
O problema do crack é muito maior do que o que vemos em
casa sentados em nossos sofás assistindo TV e bebendo coca-cola, muito maior. Sabemos
que o ser humano quando forçado torna-se agressivo e menos receptivo, então
como atingir de maneira eficaz o problema do crack? Será mesmo que apenas as
“autoridades competentes” devem buscar soluções e nós como cidadãos não podemos
(ou não devemos) opinar e agir?
E você leitor, tem uma opinião formada sobre o tema,
internar a força RESOLVE?
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