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sábado, 2 de julho de 2011

CONCEITO DE MEDIAÇÃO: Piaget e Vygotsky


CONCEITO DE MEDIAÇÃO: Piaget e Vygotsky
Marina da Silveira Rodrigues Almeida
O objetivo principal deste pequeno texto é analisar a contribuição de alguns autores
interessados na articulação entre os conceitos de desenvolvimento e aprendizagem.
Os teóricos em apreço são Piaget e Vigotsky, considerados, talvez, os estudiosos que
mais têm influenciado, hoje, o campo pedagógico. É bom lembrarmos que ambos são
estruturalistas construtivistas; ambos, interacionistas e ambos, preocupados com a construção
do conhecimento por parte do sujeito.
Sem sombra de dúvidas, no mundo atual e especificamente no Brasil, a matriz de
pensamento estruturalista tem-se destacado como a mais adequada à revisão crítica do ato de
aprender/ensinar, firmemente marcado, até a década de 80, pela influência da corrente
elementarista behaviorista, que foi responsável pela grande ênfase dada ao condicionamento,
no campo pedagógico, à tecnologia de ensino Instrução programada. A partir dessa época,
surge a primazia das correntes estruturalistas e, dentre elas, inegavelmente, o construtivismo
ganhou um lugar de destaque.
É sempre bom lembrar que o construtivismo não é uma teoria de ensino; é uma matriz
específica de pensamento científico, na qual se sustenta a tese de que a teoria do
conhecimento deve lidar com o que é essencial no conhecimento para que o sujeito adquira
uma real experiência e não com a oposição entre a realidade e o conhecimento. Para a teoria
construtivista, o conhecimento é ativamente construído pelo sujeito cognoscente e não
passivamente recebido por ele do meio ambiente.
Dentre os autores que adoraram essa posição, tanto Piaget como Vygotsky são
considerados fundamentais em suas colocações, para a compreensão das relações entre
aprendizagem e desenvolvimento. É certo que, para a eficiência no quotidiano escolar, as
contribuições de ambos, convenientemente articuladas, são essenciais. Portanto, vale a pena
(re)pensá-las.
Em primeiro lugar, é sempre bom relembrar que ambos os autores são teóricos de
desenvolvimento e não formularam nenhuma teoria de aprendizagem. Piaget foi um
epistemólogo preocupado com a gênese e o desenvolvimento humano e, por conseqüência,
pela gênese do conhecimento. Quanto a Vygotsky, ele é um autor que teve sua obra escrita no
início do século XX, mas que, neste final de século, vem recebendo uma re-leitura e se impões
no cenário das discussões sobre desenvolvimento-aprendizagem e ensino-aprendizagem.
Para Piaget, o aprendente é o autor do seu conhecimento e ninguém poderá fazer isto
por ele, mas, ainda, segundo ele, é a aprendizagem que depende do desenvolvimento, ou seja,
ela vai depender do nível de desenvolvimento em que o sujeito se encontra. A atividade do ser
humano, os exercícios que lhe são oferecidos, a problematização de situações, enfim, todos
esses fatores são considerados por Piaget de extrema importância para quem está aprendendo
e, certamente, contribuem decisivamente para o desenvolvimento das estruturas mentais;
entretanto, não têm o poder de estabelecê-las, sem levar em conta as condições prévias do
sujeito.
É certo que Piaget coloca uma grande ênfase na atividade do sujeito, mas, segundo
ele, é a partir dos mecanismos epistêmicos de como pensa que ele pode formular e reformular
as idéias que o mundo adulto lhe oferece (2).
Vygotsky, com bastante clareza, aponta para o fato de que não podemos falar de um
conceito único de desenvolvimento humano, mas, sim, de diferentes tipos de desenvolvimento.
Assim sendo, ele enfatiza a diferença entre o desenvolvimento que está sujeito às leis
biológicas da maturação (que são resultado de certos ciclos de desenvolvimento já
completados) e o desenvolvimento mental, que tem como base exatamente a aprendizagem
que a criança realiza no cotidiano de sua vida, portanto, construído da realização da criança
com o contexto social em que está inserida. Logo, com relação a este tipo específico de
desenvolvimento, podemos dizer que Vygotsky defende que o desenvolvimento depende da
aprendizagem. A partir dessa colocação, fica clara a importância que Vygotsky dá aos
mediadores do conhecimento, sejam eles pessoas adultas ou companheiros da mesma idade.
Não negando a condição do sujeito como construtor ativo de sua aprendizagem,
Vygotsky, entretanto, põe no centro de suas formulações teóricas o como a cultura se faz
subjetiva no aprendente, admitindo ser isso somente possível pela intermediação do adulto.
Para ele, grande parte do conhecimento da escola não pode ser aprendida pelo sujeito sem a
ajuda de um docente que lhe ofereça a oportunidade de lidar com signos, procedimentos e valores, que são da ordem do social e que transcendem e preexistem a ambos. Na visão de
Vygotsky, o que move o sujeito a se constituir e a constituir subjetivamente o mundo real são
os elementos da cultura. Todavia, falta clarificação quanto à maneira como esses sujeitos se
apropriam dos instrumentos para conhecer o mundo, e isto Piaget fez.
Pensamos, ainda, que é possível afirmar que, para ambos os autores, a escola não é
um lugar onde o desenvolvimento se produz espontaneamente.
Concordamos com o Lino de Macedo (3) quando afirma que Piaget de uma grande
contribuição ao "fazer escola", a partir do momento que ele analisou as relações entre a
aprendizagem lato sensu, ou seja, no primeiro caso, aprender procedimentos particulares,
como, por exemplo, uma conduta social ou de um procedimento de aritmética, e, no segundo,
aprender, dominar o esquema operatório que subjaz em qualquer um desses procedimentos. À
escola interessa esses dois tipos de aprendizagem; tanto aquela que é dar ordem do geral,
como, por exemplo, do aprender a pensar, classificar, organizar, relacionar.
Vygotsky (4), por seu turno, aponta, com bastante clareza, para o fato de que não
podemos falar de um só conceito de desenvolvimento. Assim sendo, quando formula a Zona de
Desenvolvimento Proximal (5), ele enfatiza a diferença entre o desenvolvimento que está
sujeito às leis biológicas da maturação (que são o resultado de certos ciclos de
desenvolvimento já completados) e o desenvolvimento mental, que tem como base exatamente
a aprendizagem que a criança realiza no cotidiano de sua vida, portanto, construído da relação
da criança com o contexto social. Nesse ponto, é essencial a importância que Vygotsky dá aos
mediadores do conhecimento, sejam eles pessoas adultas ou companheiros de mesma idade.
E, como conseqüência, a escola e, dentro dela, a figura do professor, são elementos
privilegiados para a construção do conhecimento.
Para Vygotsky, e pensamos que, pelo menos em parte, para Piaget também, o
professor não se restringe a ser somente um facilitador do desenvolvimento das estruturas
operatórias; ele é responsável pela transmissão da cultura e mediador social para a sua
apropriação, por parte dos alunos." Portanto, na sala de aula, é preciso não só despertar-lhes o
desejo de aprender, senão também transmitir-lhes o saber, pelo qual ele, professor, é o
responsável.
É imprescindível que os professores sintam a necessidade de buscar meios de
compreender o que se passa na sala de aula, os procedimentos das crianças, as concepções
que elas têm, para terem condições de planejar e propor problemas ou desafios adequados e
pertinentes. Conhecer nossos alunos torna-se, portanto, fundamental para a didática atual. É
somente através desse conhecimento que o professor pode ajudar seus alunos a construírem
seus conhecimentos, atuando na zona-de-desenvolvimento proximal "onde o aluno tem
conhecimentos frágeis, mas já presentes e implícitos" (6).
E, em relação à questão que deu ensejo ao artigo, é claro que ambos os autores têm
razão; se estamos falando de desenvolvimento maturacional, parece que ele é ponto de partida
para a aprendizagem; se estamos falando de outras formas de desenvolvimento, fica muito
evidente que a aprendizagem é mola mestra para o desenvolvimento do ser humano.
Aprendizagem cooperativa
O professor coloca os alunos em grupos de trabalho, juntando alunos com dificuldades em
determinada área com alunos mais habilidosos nesse assunto. Na aprendizagem cooperativa,
os alunos trabalham juntos para atingir determinados objetivos. A descoberta de interesses
mútuos permite a eles explorar assuntos junto com colegas que têm interesses comuns. As
estratégias de aprendizagem cooperativa melhoram as atitudes diante das dificuldades de seus
colegas com ou sem deficiência e, simultaneamente, eleva a auto-estima de todos.
Estratégias de aprendizagem criança a criança: oferecem a oportunidade de compreender
melhor as pessoas que, por qualquer motivo, são diferentes (maneira de v e s t i r, crenças,
língua, deficiências, raça, capacidades). Quando as crianças compreendem que toda criança é
diferente, deixam de fazer brincadeiras cruéis e podem se tornar amigos.
Ensino por colegas: método baseado na noção de que os alunos podem efetivamente ensinar
os seus colegas. Neste método, o papel de aluno ou de professor pode ser atribuído a qualquer
aluno, com deficiência ou não, e alternadamente, conforme as matérias em estudo ou as
atividades a desenvolver. Diversos estudos demonstram que os alunos que fazem o papel de
professor podem, às vezes, ser mais eficazes que os adultos para ajudar a desenvolver a
leitura ou ensinar conceitos de matemática. Pode ser que isto aconteça porque eles têm mais
familiaridade com a matéria que está sendo ensinada, por compreenderem melhor a frustração
dos colegas ou por usarem vocabulário e exemplos mais adequados à sua idade. Além disso, a aprendizagem por intermédio dos colegas pode ser, também, positiva para as crianças que
ensinam, melhorando seu desenvolvimento acadêmico e social.
Apoio entre amigos: é uma forma específica de aprendizagem através de colegas, na qual o
envolvimento acontece principalmente com assuntos extra-escolares. Por exemplo, um amigo
pode ajudar um aluno com deficiência física a se sentar na carteira ou pode acompanhá-lo
antes e depois das aulas.
Círculo de amigos: é uma estratégia para que os alunos de uma turma recebam um novo
colega com deficiência e aprendam a conhecê-lo e ajudá-lo a participar de atividades dentro e
fora da escola. Inicialmente, organiza-se uma espécie de “comitê de boas-vindas”, formado por
alunos que, diariamente, poderão fazer visitas ou manter conversas por telefone com o novo
colega e saber das suas experiências no novo ambiente escolar. O professor funciona como
facilitador para criar o círculo de amigos e pode dar apoio, orientação e conselhos, à medida
que o resto da classe vai sendo agregado ao circulo inicial.
É importante deixar claro que esse grupo de amigos não é um “projeto para amigos especiais”,
para alunos “coitadinhos”, nem tem a finalidade de “praticar boas ações”.
Pretende, isto sim, criar verdadeiros laços de amizade que resultem num apoio real. É possível
que a composição do grupo mude mas, geralmente, criam-se laços prolongados de amizade.
As crianças com e sem deficiência têm a oportunidade de se beneficiar desta experiência.
O objetivo de uma rede de apoio entre colegas é enriquecer a vida escolar de todos os alunos.
É sem dúvida enorme a capacidade dos alunos para se ajudarem uns aos outros na escola,
mas para que esta capacidade se exerça é necessário que os professores liderem o processo,
encorajando-os.
Ensino Cooperativo
Trata-se de uma estratégia em que o professor da classe comum e o professor do ensino
especial trabalham em conjunto, dentro da sala de aula comum, composta por alunos com e
sem deficiência. Neste modelo existem, pelo menos, três formas diferentes de organização:
Atividades complementares - enquanto o professor do ensino regular assume, por exemplo,
as atividades e os conteúdos da área acadêmica, o professor do ensino especial ensina alguns
alunos a identificar as idéias principais de um texto, a fazer resumos - enfim, a dominar
técnicas de estudo;
Atividades de apoio à aprendizagem - os dois professores ensinam os conteúdos
acadêmicos mas, enquanto o professor do ensino regular é responsável pelo núcleo central do
conteúdo, pela matéria essencial, o professor do ensino especial encarrega-se de dar apoio
suplementar a qualquer aluno que dele necessite, individualmente ou em pequenos grupos;
Ensino em equipe - o professor da classe regular e o professor do ensino especial planejam e
ensinam em conjunto todos os conteúdos a todos os alunos, responsabilizando-se cada um
deles por uma determinada parte do currículo ou por diferentes aspectos das matérias de
ensino.
O sucesso do ensino cooperativo depende de dois fatores fundamentais:
Necessidade de tempo nos horários dos professores para fazerem o planejamento em conjunto;

acesso em 02/07/2011

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