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sábado, 23 de abril de 2011

MEU MEMORIAL DE FORMAÇÃO ^^

APRESENTAÇÃO


                            Narrarei um pouco de minha historia, com enfoque no que me levou a caminhar no rumo da pedagogia. Desde as experiências da infância, passando pelo colégio e a vida no mercado de trabalho. Viso mostrar como cada um desses elementos contribuiu de forma decisiva para que fosse formado em mim o anseio pela arte da educação. Ilustrarei os aspectos sociais, políticos e econômicos que me influenciaram. Seria negligencia não dar a devida importância a cada um desses fatores que influenciaram minha paixão vocacional, tanto os positivos como os negativos ganham espaço nessa explicação. Apresentarei dessa forma estes aspectos do ambiente escolar e sua respectiva influencia sobre meu ser social. Ficarão expostas à analise do leitor faces da educação que ele mesmo reconhecerá e poderá mesmo se recordar de cenas iguais em sua infância no colégio.  No ambiente escola citarei temas como: bullying, profissionais da educação, aluno como formador da escola e escola como formadora do aluno. Ainda mostrarei o que eu chamo de três pilares da formação do ser social, os formadores de conceitos: a já mencionada escola junto da religião e família. Desejo a todos uma leitura desse texto que se segue e alude meu ego em sociedade.



CAPÍTULO I – História de Vida


                            Nasci em berço humilde numa cidade chamada Itanhomi, no interior de minas. Morei na roça apenas minha primeira infância assim eu não tenho nem mesmo lembranças sobre a mesma. Eu ainda era um bebe quando viemos para Belo Horizonte. Viemos morar na casa dos meus avos maternos. Cresci com uma educação rígida quanto ao tratamento as pessoas, exigia-se ser educado e cordial sempre. Frequentei a pré-escola ainda morando na casa dos meus avós. Na primeira serie do fundamental minha família já tinha casa própria, uma casa humilde, mas que era nossa.
                            Vou ilustrar um pouco da minha família como pilar essencial. Meu pai me tomava diariamente a leitura, com livros, textos, bulas de remédio e cartas. Ele mesmo poderia lê-las, ainda com um pouco de dificuldade por ter estudado apenas ate a terceira serie, um fato comum na roça onde vivíamos deste modo minha mãe também não passou dessa serie de ensino. Além de me tomar a leitura ele me tomava frequentemente a tabuada e trazia problemáticas para que eu resolve-se. Acredito que isso foi determinante na minha paixão por estudar, por que me sentia estimulado, pois sempre havia o agrado dos elogios pela boa leitura.  Não havia um ameaça física quanto aos erros de leitura ou de matemática, porem havia a vergonha que ficava com o erro e a culpa por não ser elogiado.
                            Minha meta no colégio era um: dar o melhor de mim. O melhor as vezes não era o bastante, mas havia ainda sempre os elogios por parte dos educadores que serviam como moda de troca pela minha dedicação. Lembro-me que meu pai me fazia sempre acompanhar as reuniões do colégio, o que seria vergonhoso se eu fosse um mau aluno, porém apenas alimentava meu ego por ser cercado de elogios, tanto quanto a minha dedicação quanto a educação que meu pai me passara. Conforme segui meu caminho na escola eu passei ajudar meus colegas e mesmo a dar aulas de reforço, mas me mudava muito deixando pra trás conhecimento e amigos.
                            Citarei agora uma forte influência do terceiro pilar de formação, a religião. Nasci em berço católico e segui as doutrinas da igreja, com suas diretrizes e sacramentos. Passei pelo batismo, a primeira eucaristia e crisma, por vim me tornei um catequista, ministrava as crianças na catequese e os jovens do grupo de jovens. Foi esta também uma experiência pedagógica pra mim, estar ali ensinando algo àquelas pessoas. Com o tempo somei minha paixão pela religião com a paixão pela leitura e critica. Adquiri livros de diversas religiões, desde o livro de Mórmon, a bíblia Cristã até o Alcorão passando ainda por livros espiritas e budistas. Com o tempo larguei a igreja, por não encontrar mais tempo para a mesma e me dediquei ao trabalho e aos estudos. Nunca negando a influencia da igreja para a formação do meu ser com desejo de educar.




CAPÍTULO II – História acadêmica e profissional



                            Estudei sempre em escola publica. O que muitas pessoas criticam, porém eu discordo. Acredito que não é apenas a escola que forma o aluno, mas o aluno também é formador da escola. Mesmo que a escola não ofereça uma educação de qualidade, mesmo que seja num ambiente humilde ou violento, ainda haverá muitas possibilidades se o aluno for dedicado. Vamos lembrar que não há escolas se não houver alunos. Em pedagogia falamos muito sobre o educador pesquisador, mas precisamos estimular ao aluno para que também seja ele um pesquisador, para que ele também possua um senso critico. Intencionalmente ou não eu me senti estimulado a isto, assim eu pesquisava, as vezes aprendia coisas mais interessantes fora do colégio do que dentro dele, buscando em livros, jornais e revistas muitas informações, e mesmo nas conversas com os velhos eu conseguia tirar algum aprendizado.
                            Nas minhas constantes mudanças de colégios vivenciei diversas realidades sociais. Houve tempos que poderíamos comprar lindos cadernos e bolsas e tempos em que faltava mesmo o dinheiro do lápis e da borracha. Lembro-me de ter levado varias vezes dez centavos para comprar merendo no colégio. Lembro-me de um colégio que ficava a mais de uma hora e meia da minha casa e que eu ai a pé todos os dias no ponto do meio dia, mas eu não achava isso ruim, nada disso parecia ruim, por que eu amava estudar e ainda amo. Tive bons educadores e alguns poucos ruins, ambos deixaram marcas fortes em minha personalidade. Vive o que hoje é muito falado: o bullying. Mas que antigamente ficava em surdina. Vejo que hoje ainda há muitas pessoas, mesmo educadores que não reconhecem esta nomenclatura, mas sei que muitas pessoas sabem e já sentiram as dores do bullying. Trago muito disso na memoria. Por isso quando sai do colégio me vi participando de terapia ocupacional e tomando remédios para dormir. Este fato poderia ter me influenciando a querer sair do colégio e a repudiar aquele antro, mas pelo contrario, eu desejo estar lá, e poder ajudar meus alunos e não passarem por isso, desejo ser um educador de verdade e prestar atenção no comportamento dos educandos para tentar pelo menos minimizar os danos desse mal.
                            Depois que formei comecei a trabalhar numa gráfica como caixa e copista, eu fiquei lá pouco tempo e me vi desempregado. Mudamo-nos mais uma vez. Nesse período meu irmão sofreu um acidente de moto, ficando alguns meses de cadeira de rodas. Eu fiquei incumbido de cuidar dele. Dava-lhe banho, recolhia o pinico levava-o ao banheiro para que fizesse suas necessidades. Trazia lhe o alimento e levava ele de um cômodo para o outro da casa. Isso me influenciou e muito no tratamento com pessoas portadoras de necessidades especiais. Após seis meses ele voltou a andar e eu voltei ao mercado de trabalho como cobrador de ônibus. Nesse ambiente novo de trabalho conheci muitas pessoas, entre elas alguns cadeirantes e alguns surdos. Mais do que conhecidos acabaram por se tornar meus amigos e ainda os tenho comigo. Eu passei a conviver muito com um surdo que mora num bairro próximo ao meu, aprendi alguns sinais e o alfabeto libras. Também “conversava” muito com um surdo que morava num dos finais de um ônibus que eu trabalhava.
                             Nos meus últimos meses como cobrador eu iniciei a faculdade de pedagogia, assim trabalhava e estudava. Consegui minha faculdade através do programa Prouni, foi a realização de um sonho. Poucos na minha família tiveram uma escolaridade mesmo no nível de ensino médio. Assim a faculdade era uma grande vitória que foi muito celebrada. Posteriormente entrei pra um curso de libras, para desenvolver mais minha comunicação com os surdos, o que acredito ser essencial como um educador que busca uma educação inclusiva. Sai do meu trabalho como cobrador e fiquei alguns meses no seguro desemprego, assim que acabou o seguro entrei para uma empresa de telemarketing. Continuei no curso de libras e na faculdade. Firmei-me nesse emprego no começo desse ano. Há duas semanas ingressei em mais um curso: braile. Para que eu possa dar seguimento na minha meta de ser um educador capacitado para promover a inclusão nas escolas.
                            Mesmo com todas estas experiências, os cursos de capacitação para inclusão ainda enfrento um grande desafio, que devo superar: o sexismo. Sou um homem buscando o caminho da pedagogia, estuda uma sala com mais de trinta mulheres e apenas eu de homem. Quando procuro estagio me deparo com o parâmetro decisivo: vagas para o sexo feminino. Em vários estabelecimentos onde procurei estagio me deparei com isto. Nem ao menos pude expor minhas qualificações por que o sexo, o gênero, era determinante. É um desafio, que me faz sentir um pouco de vergonha da sociedade. Num mundo tão evoluído, a gente pensa que estes preconceitos se extirparam, mas volta e meia a discriminação bate em nossa face e vemos como ela é. Reconheço que as frequente noticias sobre pedófilos e estupradores deixam os pais com medo, e assim os educadores homens são fadados a discriminação. Reconheço, mas ainda não aceito, não acho justo ser vitima desse preconceito, não acho correto ter meu direito de ser educador negado. Não pretendi ficar a margem da sociedade, por isso busco e vou buscando todo tipo de qualificação. Se me negarem as salas de aula como professor, eu lutarei ainda mais, como mestre e doutor em educação e passarei a educar os educadores. Isso não poderão me negar só por eu ser homem, por que eu vou lutar, por uma inclusão social e uma sociedade menos sexista. Dentro da faculdade vive alguns problemas como esse, por ser muito critico. Eu me vi em meio a varias mulheres, em grande maioria mais velhas do que eu, com uma mentalidade diferente, assim eu era o diferente naquele lugar tanto por ser homem quanto por ser jovem. Havia sempre e ainda há, muitos conflitos de ideias, muitas disparidades. É difícil ser o diferente numa sala de aula, é como reviver o bullying do colégio de outra maneira. Muitas vezes desanimei, outras muitas lutei para formar um pensamento critico. Vivo por três caminhos os sonhos, as metas e o acaso. Com estes três eu aprendo cada vez mais, e me capacito cada vez mais pra embarcar de vez no domínio da arte de educar.
                                  
CONSIDERAÇÕES FINAIS


                            Apenas venho relembrar os fatores que me influenciaram nesse caminho. As minhas experiências pedagógicas. Cito em casa a educação que recebi a leitura que me era tomada juntamente da tabuada e a experiência de cuidar de meu irmão quando ele estava de cadeira de rodas. Relembro o bullying no colégio, a terapia que se seguiu. A influência positiva de alguns professores apaixonados e o meu desejo de não ser um educador ruim, como alguns poucos que passaram em minha formação. Minha boa relação com os deficientes, minhas amizades com surdos e cadeirantes, meu desejo por ser um educador capacitado para inclusão. Acredito que cada um desses fatores foi decisivo, basta analisar a quantidade de experiências que eu tive nesse sentido. Parece que de certa forma estaria predeterminado ao fadado a este resultado, hoje não me vejo fazendo outra coisa. Desde pequeno respondia a clássica pergunta “o que você quer ser quando crescer?” com a resposta “professor”. Acredito mesmo que não poderia ser de outra forma, cresci para isso, me apaixonei por isso, vivo isso, vivo a pedagogia. Esta é minha historia de vida, uma historia de lutas frequentes, algumas vitórias e algumas derrotas, mas acima de tudo muito aprendizado.

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